Oh. Acabou-se... :(
Oito meses de antecipação, duas semanas de ansiedade, 3 dias de intensidade máxima e finalmente uma semana a flutuar numa nuvem de endorfinas depois... PPUUUMMM aterrei de cabeça numa tenebrosa depressão pós-UTMB. Vejo fotos, leio relatos (deste e doutros anos), vagueio pelo vale de Chamonix enquanto insiro dados numa folha de Excel, mas a verdade é que acabou mesmo.
É altura de seguir em frente.
Antes disso, para fechar o capítulo Monte Branco, há algumas considerações que queria fazer em relação à prova e semana UTMB.
- Como disse o Sr. Ribeiro o ano passado, "Foi a pior prova que fiz na vida e a melhor e a pior e a melhor e isso vezes mil." A minha prova foi exactamente isto. Foi um desastre, muito longe do que imaginava que ia ser. Não sei exactamente onde falhei, não consigo apontar um momento ou uma decisão errada, mas a verdade é que foi completamente diferente do que planeei. A prova que tinha imaginado, a das 40 horas, meti-a na prateleira e arregacei as mangas, porque a outra prova, a das 44h30, tive que a ir arrancar lá bem ao fundo, a um sítio que nem conhecia. Foi linda, intensa e emocionante. Foi isso tudo! Mas também foi enervante, stressante, dolorosa e, há que dizê-lo, de um sofrimento muito grande. Mas sabem que mais? Não queria que fosse nem um bocadinho diferente.
- A semana UTMB em Chamonix é unanimemente reconhecida como a semana anual do trail a nível mundial. Realmente é verdade aquilo que toda a gente diz, ali vive e respira-se trail em todas as esquinas. Mas, e agora vou ter que ser sincero, não fiquei grande fan deste ambiente pré-prova em Chamonix. É demasiada confusão para mim. Quando andava na GIGANTE feira de trail só conseguia pensar qual era o caminho mais rápido para a saída. Os preços (de tudo) são muito altos, há gente e movimento a mais. No dia do levantamento do dorsal cheguei a casa completamente rebentado, e no dia da prova, antes da partida, comecei com uma valente dor de cabeça. Eu sei, sou um bocado bicho do mato, e de facto o ambiente no km inicial é absolutamente eletrizante, além da loucura que foi o km final, mas o resto foi de mais para mim.
- O percurso da prova é perfeito. Não mudava um centímetro, mesmo na terrível subida final a Tete aux Vents. Não é demasiado técnico, mas também não é corrível ao ponto de se tornar monótono. Pelo contrário, é sempre muito variado, com todo o tipo de subidas e descidas. A paisagem é absolutamente incrível, o apoio de toda a gente é indescritível, os abastecimentos são completíssimos, as marcações não deixam um pingo de dúvida.. Enfim, para mim é a prova perfeita. Se estão a pensar fazer 100 milhas esta é A prova, e se estão a considerar os 100km, o CCC é uma excelente opção.
- A recuperação (fisica) tem corrido muito bem. Tenho corrido, pouco, sempre com muito prazer e sem dores, além das mazelas nos pés que entretanto já sararam completamente.
- Para terminar, quero agradecer a todos os que acompanharam a prova on-line, os que me felicitaram por a ter terminado e depois pela crónica que escrevi daqueles dias (que numa semana já é o segundo artigo mais lido de sempre por aqui!). Foi realmente emocionante reler tudo o que escreveram, e se não vos agradeço e respondo a todos individualmente é porque não quero que seja uma coisa demasiado forçada. Estas ultra-provações, além de físicas, são uma experiência muito emocional, acreditem que senti todo o vosso apoio durante a prova e mimo nos dias seguintes. Obrigado a todos, do coração.
Então e o que se segue agora?
Pois bem, está planeado um regresso às origens: a Maratona. Já há algum tempo que tinha vontade de voltar a correr a mítica e o regresso está marcado para dia 6 de Novembro no Porto. No entanto não estou com vontade de me dedicar a ela a 100%, por isso vou substituir alguns longos por treinos no monte. Fazer apenas o suficiente para correr uns 42.2km confortáveis e passar um fim de semana com amigos no Porto. Para o trail há o regresso certo ao irritante Trail de Casainhos (tenho a certeza que desta é que aquilo não vai prestar para nada!) e em principio à terceira edição do Grande Trail das Lavadeiras. Duas provas especiais para mim. Até ao fim do ano ainda irei participar na São Silvestre de Lisboa, para tentar finalmente baixar aos 37 minutos nos 10km.
Entretanto já se fazem planos mais ambiciosos para 2017. Por enquanto só uma certeza: o MIUT 2017. Vou para o Hat-Trick! Não consigo não ir ao MIUT. Este ano será acompanhado por muitos amigos e com um objectivo especifico que mais tarde vos falarei. Até lá, em principio participarei nos Abutres e no Ultra Piodão, duas das minhas provas preferidas. Quanto às provas grandes, além do MIUT, tenho outras hipóteses em mente, mas ainda muito por decidir. Até lá, vamos falando :)