Depois de na primeira edição ter falhado por lesão e de uma segunda edição adiada pela organização, este domingo foi finalmente dia de me estrear nos Trilhos de Bellas, a convite dos meus amigos dos Go!Runners.
Como sabem, daqui a 4 semana vou tentar pela terceira vez atravessar a Madeira, no MIUT. Uma prova como esta, curta e com muito parte pernas, em principio não seria o mais ajustado para esta altura do campeonato, mas aproveitei para no dia antes fazer um bom treino no Montejunto e compor um bocadinho mais o fim de semana. O quê? Mesmo assim não foi boa ideia? Meh, não interessa.
O dilúvio anunciado alterou o plano de uma viagem em família, que incluía a prova + um almoço pela zona, para mais uma empreitada solitária. Foi então sozinho que, às 9:20, estava dentro do carro a ganhar coragem para apanhar os primeiros pingos de chuva do dia, para ir levantar o dorsal. O inevitável foi adiado até ao limite. Saí do carro e dei inicio à molha que só seria interrompida lá para as 13:15, quando voltasse a entrar no carro.
As provas perto de Lisboa parecem-me sempre um convívio de conhecidos, acho que ali todos se conhecem. Poucos minutos antes da partida para a prova longa (27km) ainda os quase 300 atletas estavam encostados a um prédio, protegidos da chuva pelas varandas, até que nos começámos a dirigir lentamente para o pórtico. Breves palavras do Filipe Sousa ao microfone, contagem decrescente de 3 para 0 e ala que se faz tarde e isto de estar parado à chuva não tá com nada!
Única foto da meta que encontrei! |
O previsível parte pernas começou uns escassos metros a seguir à meta. Primeiro num caminho largo até ao topo e depois a descida por um trilho simpático, no meio de umas árvores. Muitas vezes andámos em trilhos utilizados pelo pessoal das bikes para o downhill, curiosamente a maior parte deles fazíamos a subir. Na primeira metade da prova achei o equilíbrio entre trilhos e estradões perfeito. Notou-se bem a preocupação na escolha do percurso para ligar a máxima quantidade de trilhos, e a verdade é que há bons trilhos por ali! Por vezes o terreno fazia-me lembrar a Serra de Sintra, com os grandes maciços de granito arredondado.
sobidesce sobidesce sobidesce sobidesce sobidesce |
A chuva, que não parou um segundo, tornava tudo mais desafiante. Muitas vezes os próprios trilhos serviam como canais de escoamento de água. Confesso que adoro correr com estas condições! Andámos dentro de ribeiros e em estradões pesadíssimos, com aquela lama que prende a sapatilha.
A certa altura passámos por dentro de uma conduta de água de uns 2.50m de diâmetro e talvez uns 100m de comprimento, com água pelo meio da canela. Não sou grande fã deste tipo de obstáculos, mas admito que é só uma questão de gosto, porque o pessoal que ia perto de mim pareceu estar satisfeito. Assim que saímos voltámos ao carrossel de subidas e descidas, que por não terem muito desnível permitiam andar sempre a bom ritmo, principalmente quando era preciso abrir a passada nas descidas.
A meio do percurso entrámos numa zona um pouco incaracterística em relação ao resto do percurso, com 2 ou 3km de estradão. Soube depois que tiveram à ultima hora que cortar uma parte do trajecto e que aquela foi a melhor solução. Compreensível, e confesso que na altura até soube bem para desenrolar e papar alguns quilómetros. A viragem e regresso aos trilhos aconteceu com a entrada no Prémio Montanha, um segmento cronometrado numa subida com cerca de 100m de desnível, das mais longas da prova. Lá em cima estava o segundo de dois abastecimentos. Bastante completos e, na minha opinião, em número suficiente para uma prova com estas características.
A simpática equipa do primeiro abastecimento |
Os últimos 10km foram talvez a melhor parte do percurso. Sentia-me bem e acabei por fazê-los todos a passo de corrida, e que delícia foi passar a abrir por aquele emaranhado de trilhos no meio das árvores nos quilómetros finais!
A pedir velocidade! |
A chuva, que foi aumentando de intensidade ao longo da manhã, funcionou um bocado como anti-climax na chegada. A zona da meta estava naturalmente com pouca gente e meio tristonha. Encaminhei-me, ensopado, para uma espécie de tenda militar onde estava o abastecimento da meta, mas este só tinha laranjas. Soube depois que haviam bifanas e pasteis de nata ali perto. Burro, a culpa foi minha que nem me dei ao trabalho de me informar antes! Corri, literalmente, até ao carro para trocar de roupa e tentar aquecer, já que além da chuva estava bastante frio. Tenho pena de não ter ficado para o convívio, ouvi dizer que correu muito bem.
Gostei da prova! Muita gente da organização ao longo do percurso, marcações irrepreensiveis, abastecimentos bem compostos e em número suficiente. Mas o que interessa realmente é que tinha bons trilhos num percurso divertido, duro qb e nada monótono. Cada vez mais é o que procuro e valorizo numa corrida.
Quanto à minha prova, foi o esperado para esta altura. Foram 3h05 sempre a andar bem, mas há algum tempo que não me sinto forte nas provas e acabo-as sempre um pouco frustrado. Não tenho abrandado nada nestas ultimas semanas e agora seguem-se os 50km do Piodão no próximo sábado. Depois sim, começam 3 semanas de tappering até estar novamente em Porto Moniz para enfrentar mais um MIUT. Espero que esta sensação de cansaço nas últimas semanas seja mesmo de andar a apertar de mais e que chegue afinadinho à Madeira!