Não
é o tipo de post que gosto de fazer, mas foi assim nos últimos 3 anos por isso
também não há-de ser à quarta que vou fazer diferente. Senhoras e senhores,
chegou a altura da Análise Anual ao Umbigo, Com Vista À Participação No MIUT.
Pois
é. Chegámos àquela altura. Falta pouco mais que uma semana e estou oficialmente
em período de recuperação para a minha quarta participação nos 115km do MIUT.
Como sempre, a ansiedade está nos píncaros e é difícil pensar em mais alguma
coisa durante as 24h do dia a não ser a Madeira. Acreditem, o respeito e medo
da prova não é menor por ser a quarta participação, no MIUT é impossível que
seja de outra maneira. No entanto, isso não me impede de este ser o ano em que
estou mais confiante. Isto porque estou de consciência tranquila relativamente
ao trabalho que, desde o início do ano, fiz em três campos: treino, alimentação
e reforço muscular.
Treino
Como
se pode ver na imagem, este foi o ano com mais quilómetros nos 3 primeiros meses
do ano, mas não ficou muito longe do ano de 2016, quando fiz o meu melhor tempo
(24h07). Aliás, nesse ano só não foi melhor porque no mês de Janeiro estava a
recuperar de uma lesão. Quanto ao desnível, tem sido praticamente sempre o
mesmo, tirando 2015, quando na verdade estava longe de estar preparado. Tem
sido um bom ano, neste aspecto. Consegui 6 ou 7 semanas acima de 4000+ e cumpri
melhor a regra de 3 de carga + 1 de recuperação. No mês de Março ainda deu para
a melhor semana de sempre a nível de distancia, sem provas, (103km com 4300+),
o que contribuiu para o mês com mais quilómetros de sempre. Em nenhum dos meses
ultrapassei os 15000+, o que já consegui noutras ocasiões, mas não é coisa que
me aflija.
Inseridas
na "categoria treino" estão as provas que fiz este ano, apesar de não
ter feito nenhuma em "modo treino", como se costuma dizer. Não,
quando participo em provas é para dar tudo. Umas correram melhores que outras,
é verdades, mas de todas tirei lições.
Trail
de Almeirim - 35km
Reforço
Muscular
Esta
já não é nova por aqui, mas é a primeira vez que vou fazer o MIUT com esta
componente do treino. O ano passado já fazia duas sessões de ginásio por semana, desde Janeiro passei a três, que cumpro religiosamente. Não me canso de dizer,
quem não faz isto não imagina o benéfico que é. Vale mesmo a pena o esforço.
O
que também me deixa orgulhoso é que TODOS os treinos, tanto de corrida como de
ginásio, foram feitos de manhã antes do trabalho. De segunda a sexta o
despertador toca às 5:30 para uma hora de corrida e, três vezes por semana, esta
é seguida de uma hora de ginásio. Depois ao sábado é dia de festa, então, não
raras vezes, o despertador toca às 4:30 da manhã ou até antes. A premissa é
chegar a casa antes da hora de almoço. Já estou perfeitamente adaptado a este
horário e é inacreditável como os dias assim rendem mais. O problema é chegar
às 22:30 e estar a cair para o lado mas, hey, não há almoços grátis.
Alimentação
Depois
de anos a resistir, finalmente tomei a decisão de melhorar este aspecto da
minha vida. Sim, vida, não só do treino! A decisão mais drástica foi abandonar
tudo o que tenha açúcar adicionado: doces, bolos, sumos, bolachas, chocolates,
etc, etc, etc. Além disso tenho feito um esforço grande em diminuir a ingestão de
hidratos de carbono simples, como o arroz, massa e pão brancos, mas isto tem
sido muito mais difícil, principalmente o pão. Ainda não consegui eliminar por
completo estes últimos, ao contrário do açúcar que não consumo há três meses. Quanto a isto, há duas conclusões a tirar:
eliminar os açucares tem sido muito mais fácil do que julgava e, pasmem-se,
sinto-me francamente melhor com estas mudanças! Não diminui muito o peso,
também não era o meu objetivo, mas de uma forma geral sinto-me com mais energia
e disponibilidade e com menos propensão a quedas abruptas de energia (aquela
sensação de precisar de uma sesta a seguir a um bom almoço rematado com uma
sobremesa).
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Estou
de consciência tranquila, penso que fiz o meu trabalho. Controlei tudo o que
podia controlar: treino, alimentação e reforço muscular. Tenho a estratégia de
alimentação durante a prova afinada e conheço o percurso de cor e salteado. No
entanto, numa prova como o MIUT, isso é só uma pequena parte. Há milhares de variáveis
que estão só à espera atrás duma árvore para nos pregar uma rasteira. Vai ser
preciso um dia perfeito, com os astros alinhados e sem nenhum imprevisto, para
cumprir os meus dois objectivos: fazer uma prova sólida e, conseguindo isso,
baixar finalmente das 24 horas.
Tudo
feito. Agora é controlar os nervos e esperar pela meia noite de sexta feira 27
para começar a aventura. Vemo-nos em Machico!