As minhas corridas na estrada

domingo, 12 de março de 2017

Território - Circuito Centro - Vila de Rei 2017


Para a segunda prova do ano decidi voltar a um Circuito que me deixou muito boas recordações há dois anos, o Território - Circuito Centro, da Horizontes. Na altura corri na etapa de Proença a Nova e gostei muito. Desde o percurso, ao ambiente familiar e paisagens, foi uma prova que me surpreendeu e me deixou com muitas expectativas para aquela que, parece-me, é a etapa rainha do circuito: Vila de Rei. Se correspondeu? Bom... o melhor é continuarem a ler.


Esta prova tinha desde logo uma característica que a diferenciaria de todas as outras etapas do circuito: serviu para apurar dois atletas para o campeonato do mundo de trail, a realizar em Itália. Claro que este facto serviu para chamar toda a elite do trail nacional, tornando-a numa cimeira como poucas vezes se vê, com as principais figuras a competirem directamente. O revés da medalha é que se perdeu o ambiente familiar, o que, sinceramente, também não me faz assim grande confusão. Por razões óbvias, o aumento de competitividade na frente não me afecta lá muito!

Antes da partida houve ainda um momento importante (para mim, claro). Há alguns meses que saí da Associação 20km de Almeirim mas foi apenas recentemente que me juntei a um grupo de bons amigos que já me acompanha na corrida há muito tempo, o Grupo Desportivo da Parreira, nomeadamente o Vasco, que para quem segue este blog não é nenhum estranho. Sábado foi o dia em que vesti pela primeira vez a camisola do GDP.

Atletas do GDP presentes em Vila de Rei.
Cumpridas as formalidades do levantamento de dorsal e controlo zero, fez-se a concentração junto à câmara municipal para uns últimos conselhos e contagem decrescente. Passavam uns minutos das 9 da manhã quando os 200 e tal partiram, sob um céu nublado a ameaçar chuva. Vinte segundos depois, mais coisa menos coisa, já levava 2km de atraso para o grupo da frente. Esfumaram-se cedo as minhas pretensões de qualificação para Itália :(

A partida
O percurso começou logo a subir até ao ponto mais alto da corrida, no marco que assinala o centro geodésico de Portugal, aos 600m de altitude. Os estradões inclinados que nos levaram até lá acima, aos 4km, foram depois substituídos por um trilho bastante longo e rápido a descer outros tantos quilómetros. Na etapa de Proença a Nova foi uma característica muito vincada do percurso, secções muito interessantes, técnicas e até difíceis, com ligações por estradão e estradas florestais. Na altura não me chatearam nada os km de estradão, porque se notava que estavam ali por uma razão. Além disso eram quase sempre no meio de árvores, nunca os achei muito monótonos. Infelizmente não posso dizer o mesmo dos 7 ou 8km após a descida do marco. Um estradão largo, praticamente plano, depois a subir até novo marco geodésico, de Melriça, convidava a ritmos de estrada.

NOTA: este post tem mais uma vez o alto patrocínio do talento fotográfico do grande MIGUEL CADALSO! Depois desta e dos Abutres, nomeado fotografo oficial do Quarenta e Dois. Só é preciso fazer as mesmas prova que eu. :)

hm..
O abastecimento chegou pouco tempo depois da subida ao marco, aos 14km. Desde há algum tempo que quando parto para uma prova vou preparado para não estar dependente dos abastecimentos. Levo comida para cada hora e vou trincando qualquer coisa nos abastecimentos para não serem só geis e barras. No entanto, não tenho por hábito levar isotonico porque não gosto de o beber mole e acabo por beber sempre nos abastecimentos. Infelizmente, em nenhum dos 4 abastecimentos desta prova havia isotónico. Já que estou a falar de abastecimentos, tenho que dizer que, tal como na Ericeira (outra prova da Horizontes), mais uma vez me pareceram mal distribuídos. Eram 4, para 50km. Poucos, mas nada de extraordinário. O problema é que o ultimo estava a 2km da meta. Ou seja, na prática eram 3 abastecimentos. Para mim, não faz sentido aquele abastecimento ali, mas é só a minha opinião. Quanto à qualidade e diversidade prefiro não opinar, já percebi que cada um tem as suas preferências e o que para mim pode ser pobre para outros será mais que suficiente. Mas o que não pode acontecer é ter ouvido amigos que andaram mais para trás no pelotão a dizerem-me que quando lá chegavam já nem fruta havia... Epah, e já agora: "a que km estamos?", "quantos km faltam para o próximo?". TODAS as pessoas que estão a gerir um abastecimento TÊM que saber responder a estas duas simples perguntas! 

Pronto, já despachei isto tudo para não deixar para o fim e pensarem que isto é só dizer mal.

Depois de deixado para trás o abastecimento entrámos numa fase totalmente diferente da prova. Descemos até uma ribeira que cruzámos algumas vezes, com algumas passagens muito giras, andámos em vales muito fechados, sempre em caminhos apertados, com rocha molhada à mistura. Até comentei com um companheiro que parecia uma prova nova. Tal como em Proença, estas zonas muito interessantes depressa fizeram esquecer o estradão chato de há momentos.

Numa das secções de rocha.
Não demorou muito até entrarmos novamente nos estradões de ligação. Muito sobe e desce, picadas, terreno plano, muita corrida, muita. A verdade é que depois de concluída a prova temos pena de não ter andado sempre em trilhos, mas na altura sabe bem papar quilómetros nestas ligações. Ao contrário dos Abutres, desta vez já me senti bem praticamente na prova toda, e logo depois de uma ou outra subida mais complicada tinha pernas para retomar o ritmo de corrida. Os troços mais giros apareciam invariavelmente depois de uma descida acentuada até um vale. Era quando andávamos junto às linhas de água e nos trilhos mais técnicos, com subidas e descidas muito boas.

As zonas que compensavam os estradões

Aqui já vinha a treinar a minha MIUT Face para daqui a mês e meio.
A dupla da frente: David Quelhas e Tiago Romão. Que animais!


Depois do penúltimo abastecimento, no Penedo Furado, a prova pouco mudou. Continuámos a passar por zonas muito engraçadas, mas sempre com os inevitáveis estradões de ligação. Nesta altura o calor já apertava muito e comecei a ficar um pouco desconfortável de estar a beber tanta água. As subidas, nunca demasiado longas ou inclinadas, sucediam-se até que apanhámos uma descida muito técnica, das melhoras da prova, até ao ultimo abastecimento, na zona da Cascata dos Poios. Era aqui, a 2km da meta, que estava o ultimo abastecimento. Segui para a subida final sempre junto à cascata. Uma subida técnica e trabalhosa, muito boa. 

Na meta, à minha espera estava a Sara, que ultimamente, derivado a questões de termos dois miúdos que ainda não se desenrascam sozinhos, tem andado arredada destas lides. Desta vez só teve que esperar 6h49, o tempo que demorei a percorrer os 50km certinhos. Como disse lá atrás, fiquei contente por desta vez não ter passado por debilidades físicas como nos Abutres, mas a prova também era completamente diferente. Uma coisa tenho notado, o nível médio do pelotão tem subido bastante! Ou é só impressão minha?


Quanto à prova, acho que já perceberam que na verdade não me deixou muitas saudades. Ao contrário de Proença, achei certas partes muito maçadoras, apesar de ter troços mesmo muito interessantes. Percebo que não deve ser fácil ligá-los, já que estão distantes, mas foram muitos quilómetros de estradão. As marcação são à Horizontes, económicas QB, mas sempre no sitio certo. Não se espere uma densidade de fitas muito grande, mas na verdade só nos perdemos se formos distraídos. Fiquei a gostar ainda mais desta zona e com vontade de fazer a etapa de Vila Velha de Rodão, mas dificilmente repetirei a de Vila de Rei.

Agora é altura de apontar baterias ao Piodão, etapa final antes de mais um MIUT. O pensamento neste momento é: mas como é que vou dobrar a distancia e triplicar o desnivel daqui a 6 semanas??? Bem, alguma maneira hei-de arranjar!

2 comentários:

  1. Grande !!
    ...mais uma grande prova e uma bela cronica! :)
    ...é sempre um prazer ler-te.

    Verdade. esta prova mexe com muita coisa.
    Eu adorei...mas eu não sou do teu campeonato! ;)

    Boa continuação grande Filipe , foi um prazer cumprimentar-te.
    abraço

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  2. Deixei passar esta tua crónica, imperdoável!
    Eu, como já estou habituada às provas da Horizontes, até gostei do percurso, embora só tenha feito os 23km. Geralmente há uma boa percentagem de estradão a ligar as zonas mais técnicas em todas as suas provas. Não me incomoda. Embora, nem sempre isso signifique que a prova é mais "fácil", pelo contrário. Se não se gerir bem é um bom quebra-pernas! Mas concordo contigo, estiveram especialmente fracos nos abastecimentos. Quando cheguei ao primeiro já não havia nenhuma fruta, só umas bolachinhas com sal. E alguns miúdos que estavam nos abastecimentos, por mais boa vontade que tivessem (e tinham), não sabiam o que fazer.
    Posso confirmar que ias cansado, mas firme, no final da subida das cascatas. ;)
    Continuação de bons treinos, o MIUT está aí à porta!

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