Costuma dizer-se que não se deve voltar onde já se foi feliz. Ora bem, andei à procura no Google e não vi nada sobre voltar onde não se foi feliz. Como a minha estreia no trail há dois anos, precisamente nesta prova, não correu lá muito bem, decidi dar uma segunda oportunidade à Serra da Lousã. Este ano ligeiramente aumentada em relação a 2012 (de 30 para 42km), voltei a participar na série AXtrail, organizado pela GoOutdoor e mergulhar mais uma vez nas aldeias do Xisto.
Uma tipica aldeia do xisto |
Como sempre, aproveitei a oportunidade para passar um fim de semana em família. Na sexta feira lá fomos direitos à Serra da Lousã, mais precisamente a Gondramaz, que segundo o Google Maps ficava a 20km de Castanheira de Pera, base do AXtrail. Depois de levantado o dorsal sem nenhum problema, lá seguimos para os tais 20km até Gondramaz para nos encontrarmos com uns amigos que também iam participar na corrida. Foi então que descobri que o Google Maps também gosta de trail, já que nos mandou por estradas de terra a atravessar a serra! A meio daquele raid TT, liga-nos a senhora da casa. Quando lhe disse onde estávamos responde ela muito admirada "mas estão de jipe??". Não..não estávamos... Bem, já que é para o mato, que vá a família toda :) Já agora, aproveito para recomendar a "Casinha do México" a quem queria visitar a Serra da Lousã, bons preços, pessoas simpáticas e uma casa muito confortável bem no coração da Serra. Ah, e sem um tracinho de rede de telemovel, seja de que rede for! Só não pensem é em ir quando for o Trail dos Abutres, por EU quero ir para lá! eheh
De nada, obrigado nós :) |
No dia seguinte lá segui com o meu amigo Francisco que se ia estrear na distancia. Desta vez por estradas civilizadas, mas não menos sinuosas, lá chegámos a Castanheira bem a tempo dele levantar o dorsal e nos posicionarmos no pórtico. A meio da viagem apercebo-me que me esqueci do relógio em casa! Pânico! Voltar já pra casa, não posso correr sem relógio! Não, não há tempo, temos que seguir! E agora meu deus, o que hei-de fazer, já não posso correr, a minha vida acabou!!
Sem mais comentários |
A partida acabou por ser adiada quase meia hora, por causa da lenta distribuição de dorsais. Pode considerar-se uma falha da organização, mas a verdade é que eram quase 500 atletas para o TSL e 300 para o mini trail. Claro que isto tudo podia ter sido previsto antes, mas enfim, são pormenores, nada de importante.
Às 10 da manhã, já depois de me ter encontrado com outros 3 colegas almeirinenses que tinham vindo no próprio dia, lá foi dada a partida. O primeiro quilometro, até sairmos de Castanheira e mergulhar na floresta, foi feito em estradas largas e estradões, uma boa maneira de dispersar o pessoal antes do afunilamento nos singles tracks, e a estratégia resultou, nunca houve grandes constrangimentos pelo menos na zona onde eu seguia. Não demorou muito até finalmente entrarmos na serra e começar a subir...bem, subir talvez seja um eufemismo, escalar é uma melhor palavra!
Os números deste trail assustam e apanham desprevenidos os mais distraídos. Seriam 42km com 2800d+, mas mais impressionante que isso era constatar que os últimos 12km seriam quase sempre a descer. Ou seja, teríamos que subir os tais 2800m em cerca de 30km.
Já aprendi a desconfiar muito dos gráficos de altimetria, mas números são números, e 2800d+ em 30km metem respeito.
A primeira grande subida levou-nos logo literalmente às nuvens, nos 1000m de altitude. Foram cerca de 6km sempre a escalar que serviram para dispersar o pessoal e acalmar os habituais ultra confiantes, que nos primeiros quilometros dos trails fartam-se de empurrar e ultrapassar pessoal nos trilhos estreitos e subidas não muito inclinadas. Nada como um bom declive para por tudo no lugar :)
Já perto do final da subida, entrámos no meio das nuvens. A temperatura baixou, o vento aumentou e a chuva intensificou-se. As bocas e risadas omnipresentes no inicio da corrida de repente pararam por completo. Os quilómetros seguintes foram percorridos num planalto lá bem em cima. Cerca de 4km bastante corriveis em estradões e trilhos rápidos. A certa altura, ia eu a correr confortavelmente, quando olho para o lado e vejo o Armando Teixeira! Caraças, não tenho relógio, mas devo ir a correr a 3 ao km, estou super forte!! Ou então o Armando veio só passear... ok, vamos antes pela segunda alternativa :) Cumprimentei a estrela, que se lembrou de mim do km vertical, e segui a meu ritmo. Mais uma vez achei-o impecável. Como não podia deixar de ser, toda a gente se metia com ele, mas respondia sempre com um sorriso.
A descida seguinte, como podem ver no gráfico, parece um autentico precipício. A melhor maneira que tenho para vos descrever aquela descida é dizer-vos que era uma cascata de lama no meio de árvores e pedras, e nós tínhamos de alguma maneira que chegar lá abaixo vivos! Ok, era muito perigoso, e quase inevitável cair (eu fui ao chão duas ou três vezes), mas não há duvida que era muito, muito divertido! Mais uma vez, os bastões foram os meus melhores amigos. Usei-os para controlar a descida, já que era o único ponto fixo que eu arranjava. Cada vez estou mais convencido que os bastões são uma parte essencial no trail. Não há que ter vergonha, não estamos a fazer batota, a verdade é que nos ajudam a subir, a descer, e são tão leves que não atrapalham nada quando precisamos de correr.
Os quilómetros que se seguiram até ao primeiro abastecimento, na aldeia do Talasnal, foram daqueles que nos lembram porque é que fazemos isto. Single tracks no meio da floresta, cobertos de caruma dos pinheiros que os tornavam macios, ora a subir ora a descer, sempre nas encostas da montanha, ora dum lado ora do outro do vale. Quase sempre a correr a bom ritmo e com um sorriso nos lábios, foi assim que os percorri. De vez em quando abrandava e olhava para o lado, para ver a montanha. A Serra da Lousã é fantástica, não há duvida. Não me lembro de outra serra com tanta vegetação como aquela. As cascatas eram omnipresentes, várias vezes passámos por ribeiros que nos refrescavam os pés e pediam uma pequena paragem para molhar a cara e beber água gelada directamente da fonte. Seguia num pequeno grupo, todos à mesma velocidade, sem stresses de ultrapassagens, sem grandes conversas. Todos estávamos a ter um prazer brutal em correr ali, era óbvio. Lembro-me de ter pensado "pronto, já valeu a pena!".
O primeiro abastecimento, aos 14km, estava no Talasnal, uma aldeia do xisto.
Talasnal |
Quanto aos abastecimentos, é a única critica que tenho a apontar à organização. Temos que nos lembrar que estes eram em comum com o pessoal dos 100km, e a verdade é que eram bastante fracos. Tinham o básico, é verdade, mas achei pouco. Principalmente porque lembro-me de há dois anos ter achado aquilo um autentico buffet de casamento. Ainda por cima, este estava situado numa casa pequena na aldeia. Estava tanta gente e tão abafado que perdi logo a vontade de me aproximar da mesa. Acabei por sair sem comer nada e já na rua comi um gel. Não me preocupou muito porque "só" tinha 42km pela frente, mas se estivesse na ultra tinha ficado bem chateado com aquilo!
Logo no quilómetro a seguir ao abastecimento, numa descida perigosa com muita pedra molhada, vi um grupo de 4 ou 5 pessoas e um deles sentado. Percebi logo que se tinha aleijado. Quase instantaneamente parece que perdi a concentração e também eu caí no meio das pedras! Não me aleijei nada de especial, mas fez-me lembrar que é preciso irmos sempre focados e nunca facilitar, é muito fácil termos acidentes sérios. O colega que estava sentado tinha feito um corte profundo na mão, estava uma poça de sangue no chão. Estive lá junto a ele alguns minutos. Já tinham chamado ajuda, e felizmente estávamos perto do abastecimento. Acabei por seguir já que estava a arrefecer muito. Nunca tinha visto tanta gente a ser forçada a desistir como nesta corrida. Vi várias pessoas com feridas em sangue, outras com sacos de gelo no corpo, outras vezes passaram por mim bombeiros para socorrer algum colega.
O percurso entre o 1º e 2º abastecimento (10km) foi muito parecido com os quilómetros que antecederam o Talasnal, muito divertido, portanto. A certa altura passamos por uma levada com cerca de 1km. Do lado direito um canal que transportava água, do esquerdo um respeitável precipício!
Fotografia tirada da net. Aqui tem uma guarda de protecção, mas a maior parte da levada não tem nada. |
Na fotografia a levada está vazia, mas como tem chovido muito nos últimos dias, ontem estava cheia, literalmente a transbordar! Várias vezes andámos com os pés dentro de água que transbordava para fora. Era um caminho bastante perigoso, mas foi irresistível percorre-lo a correr!
Logo depois da levada começou a segunda grande subida. Como não podia deixar de ser, foi muito violenta. Lembrem-se que tínhamos 2800m d+ para escalar, distribuídos basicamente por duas grandes subidas. É claro que não iam facilitar.
O segundo abastecimento estava a meio desta segunda grande subida. A um km de lá chegarmos, entramos na aldeia de Cerdeira. Na base da encosta vejo 4 ou 5 pessoas sentadas numa fonte, soube mais tarde que estavam à espera de transporte da organização, iam desistir. À nossa frente estava uma escadaria com uns bons 400m! Como os degraus são duros! Fez-me logo pensar noutra prova ali para o meio do Atlântico, vocês sabem do que estou a falar...
Cerdeira. A escadaria subia a encosta toda, a serpentear no meio das casas. |
Entrei no abastecimento e fiquei com a mesma sensação do primeiro. Pequeno de mais para tanta gente, além de mais uma vez estarem muito pouco apetrechados! Estavam lá também vários atletas da ultra, sentados e com ar acabado. Ouvi alguns deles a protestar por não haver comida quente, iam com mais de 70km nas pernas. Acho que a parte dos abastecimento é definitivamente a rever pela organização.
Estávamos no km 24, faltavam 6 para chegar aos 30, onde acabariam as subidas. Seguia-se a subida ao Trevim, o ponto mais alto da serra com 1200m de altitude. Foi definitivamente a secção mais dura da prova, com subidas daquelas em que até assusta quando olhamos para cima, ainda por cima quanto mais subíamos mais o tempo piorava, o nevoeiro era cerrado, o vento fortíssimo e a temperatura estava pelo menos 10 graus abaixo do que tínhamos apanhado lá em baixo.
Trevim visto (ainda mais) de cima. |
É nestas subidas pura e duras, pouco técnicas, que os bastões fazem valer mais o seu valor. Principalmente porque ajudam na postura, subimos mais direitos o que poupa muito as costas. Depois tem outra coisa boa, se formos concentrados neles conseguimos marcar o ritmo da subida e ir naquele passo constante até lá acima. Claro que nada substitui um bom treino, e nesse aspecto tenho que voltar a referir o milagre do reforço muscular. Desde que falei aqui dele há uns meses que faço pelo menos 2 vezes por semana, sempre em casa. A evolução tem sido brutal, mesmo a nível de massa muscular. Eu sei que é chato, mas vale mesmo MUITO a pena, acreditem em mim!
Chegado ao ponto mais alto, e depois de ultrapassar alguns colegas, chegou finalmente a grande descida até à meta. Os primeiros dois quilómetros foram num single track aberto na encosta, espetacular para correr, o que aumentou brutalmente a adrenalina. Estava a adorar cada metro daquela descida! Aliás, daquela prova!
Estava quase a acabar este segmento e chegar ao 3º e ultimo abastecimento quando recebo uma sms da Sara: "o Francisco vai desistir". Parei imediatamente e liguei-lhe, queria dizer-lhe que o mais difícil era até aos 30km, que depois era a descer e nem era violento! Infelizmente a Sara contou-me que ele estava a sofrer muito, que já tinha vomitado duas vezes e que tinha chegado à conclusão que simplesmente não dava para continuar. Estava na base da escadaria de Cerdeira, no km 22. Eu sei como custou ao Francisco desistir, como custa a qualquer um. Sei que antecipou esta corrida durante quase 3 meses, e treinou todos os dias com ela em mente. Enquanto corria pensei várias vezes em como ele estaria a gostar da prova, já que aquilo era exactamente o que ele me dizia que gostava no trail! Por isso, se há pessoa a quem deve ter custado horrores desistir foi a ele. Mas quando a Sara me disse do estado dele, percebi imediatamente que ele tinha tomado a melhor decisão. É importantíssimo reconhecer os nossos limites, para mim não há nada de honrado em passar horas e horas em sofrimento profundo só porque se meteu na cabeça que tem que acabar a prova. A decisão de desistir é muito difícil de tomar, mas não é de forma algum motivo de vergonha! Vergonha é nunca sequer tentar, e muito mais difícil do que decidir desistir é sair do sofá e trabalhar pelos nossos objectivos! O Francisco desistiu, mas vai-se levantar, treinar mais e melhor e enfrentar um novo objectivo! Nem que seja daqui a um ano, mas vai voltar a enfrentar uma prova destas! Agora, quem anda horas no limite e acaba por ceder, porque o corpo humano tem limites quer queiram quer não, muito facilmente cria traumas muito difíceis de ultrapassar. Saibam ouvir o vosso corpo, é suposto ser divertido, não é nenhum luta pelas nossas vidas!
Foi a pensar na desistência do Francisco, e agora com menos alegria, que percorri os metros até ao ultimo abastecimento. Cheguei lá sempre a correr a bom ritmo e não me sentia nada cansado. Pensei em nem sequer parar no abastecimento, mas o bom senso levou-me a parar um pouco. Mais uma vez era pobre, acabei por comer pouco, mas estive ali 5 ou 6 minutos a descansar até voltar a atacar os trilhos. Faltavam 10km, liguei à Sara e disse-lhe que se não houvesse surpresas demoraria hora e meia a chegar à meta.
Infelizmente, estes últimos 10km foram uma espécie de anti-climax depois da prova brutal que tinha sido até ali. Pareceram-me um bocado para encher, sempre por estradas de alcatrão, estradões e poucos trilhos. Sentia-me bem e fresco, fiz os 10km praticamente sempre a correr, e a meta estava já ali para ser cortada, não sem antes passarmos por um riacho com água por cima do joelho. Foi bom para tirar a sujidade toda que tinha nas pernas e limpar as sapatilhas, se é para cortar a meta, que seja com categoria! :)
Ok, pelos vistos não passei tempo suficiente dentro de água. |
Cheguei à meta menos de uma hora depois. Já lá estava o Francisco com a família, a Sara e a Maria Amélia, como sempre. Demorei 6h34m a percorrer o percurso, não faço ideia da classificação, mas para mim foi o meu melhor trail até agora. Acho que geri bem o esforço desde o inicio, consegui correr sempre que quis e não me fui abaixo nas subidas. Fiquei muito contente com a minha corrida, mas fiquei com um amargo de boca quando soube que além do Francisco outros amigos meus tinham desistido. Aliás, ainda não sei quantos foram, mas pelos vistos houve mesmo muita gente a desistir nas duas provas! Para os meus companheiros de armas que desistiram, não se preocupem, a Serra estará lá para o ano e vamos voltar todos!
Aqui com o meu prémio de finisher. Ah, e com um chapéu que a organização me deu por ter concluído a prova :) |
Quanto à organização, sinceramente aparte dos abastecimento não tenho muito para dizer. Todo o processo administrativo correu bem, o percurso estava impecavelmente sinalizado e havia bastante assistência durante toda a prova. No entanto, a minha prova era de 42km. Se as coisas funcionam neste regime para uma prova "curta", para uma ultra de 100km tem que ser muito diferente. Já li muitas criticas de atletas do ultra, inclusivamente de amigos meus, e apoio completamente o que dizem. Desde a falta de comida quente, a abastecimentos que não estavam na distancia certa até elementos da organização que deram indicações erradas de distancia até pontos do percurso. A UTAX é uma prova de referencia no calendário nacional, mas com a quantidade de oferta que há se não limam estas arestas arriscam-se a cair na vulgaridade.
Em resumo, foi um fim de semana muitíssimo bem passado com o Francisco e a família, uma prova que me correu na perfeição, paisagens magnificas e trilhos super divertidos. Dificilmente posso pedir mais! Estou cada vez mais apanhado pelos trilhos e só penso em mais e mais objectivos! Que venham agora os miticos 20km de Almeirim e, daqui a um mês, os 80km do Arrábida Ultra Trail!
Parabéns Filipe! Esta prova foi, de facto, muito dura, mas o percurso era lindíssimo! Esqueceste-te de um pormenor MUITO importante: as centenas de cogumelos! :D E castanhas, parece-me que havia uma ou duas pelo caminho... ;)
ResponderEliminarGrande tempo, Filipe! Estás "muita" forte! :)
Muitos parabéns pela excelente prova!
ResponderEliminarE uma palavra de ânimo para o Francisco. Também eu sei bem a dor que é sermos obrigados a desistir para algo que nos preparámos tanto.
Um abraço e até domingo
Tás em grande Filipe...muitos parabéns. Vou ter que repensar a história do reforço muscular :)...fica para 2015, para ajudar num graaande objectivo que tenho :) ...Pois...não fosse a Maratona do Porto com objectivos específicos, tb teria ido fazer esta....estive na Serra da Lousã em janeiro deste ano nos Abutres (não sei se o percurso se repete em algumas partes), mas devido ao muito nevoeiro e especialmente ao tipo de prova, muito técnico e mesmo perigoso, não pude desfrutar das paisagens...mas adorei na mesma.
ResponderEliminarManda um abraço ao Francisco, que teve a coragem de desistir, o que não é nada fácil...a montanha está ali à espera e ele há-de voltar para a conquistar. Ele que se inscreva já num próximo, aproveitando o treino feito...
E pronto...já me alonguei outra vez...Aquele abraço e boa recuperação.
Grande Atleta! Fizeste um tempo muito bom. Eu fui um pouco mais devagar "para apreciar a paisagem" eh eh!
ResponderEliminarProva dura q.b., com partes comuns ao Lousã Trail, mas com mais calhaus de xisto que massacraram bem os pés. Admiro muito os atletas do UTAX que levaram com mais do dobro deste tratamento! Abraço e boas corridas
Parabéns mais uma excelente prestação!
ResponderEliminarO Francisco para o ano vinga-se!
Relógio? E já me esqueci dos calções! Valeu-me ser no verão e eu ir vestido com uns calções de passeio! Nunca me senti tão ridículo numa prova! O que me valeu era ser uma prova de Km vertical sem muitos atletas, nenhum publico e eu ir quase em último :)
Um abraço.
Que grande prova que deve ter sido!
ResponderEliminar