Nesta terceira edição do Trail de Almeirim a primeira vez que entrei no Pavilhão da Escola Preparatória das Fazendas de Almeirim foi no Sábado. Quando lá cheguei já os kits estavam ensacados, os stands dos patrocinadores montados e o pórtico de chegada a ser montado e limpo pelo Hélder e o Francisco. No secretariado, a Andreia entregou-me o meu dorsal e o da Sara. Devemos ter sido dos primeiros a levantar, porque ainda faltavam duas horas para a abertura oficial. Não faz mal, já estava tudo preparado.
Nessa manhã, enquanto treinava em Montejunto, os três percursos do Trail de Almeirim (30, 18 e caminhada) estavam a ser passados a pente fino, à procura de fitas e placas por colocar. Por isso, quando cheguei ao local de partida, no Domingo, tinha a certeza que o trabalho duro estava feito e que não ia falhar nada. O que também não falhou foi o discurso do Omar antes da partida da prova longa. Inevitavelmente é ele a cara do trail, e todos os que ali estão já o conhecem. Com a atenção que a adrenalina pré-prova permite, ouvimo-lo a apresentar os padrinhos e vassoura da prova, imediatamente antes da contagem decrescente para a partida. Passavam poucos minutos depois das 9 quando os 130 e tal começaram a viagem.
Não participei nas várias reuniões e dias de trabalho no campo, por isso o percurso era uma incógnita. Nem sequer conhecia o ponto de entrada na nossa Serra, 1km de alcatrão depois e imediatamente num trilho novinho. Também não estive envolvido na decisão de distribuição dos abastecimentos, por isso foi uma surpresa quando ainda nem 5km tínhamos e já estávamos a passar pelo primeiro! Lá estava o Joel e comitiva, a dar boas-vindas e uma palavra de ânimo, que nesta altura até era mais importante do que mesas recheadas de comida (que até estavam).
Eu só tive que correr neles, mas alguém abriu e roçou mato de maneira a oferecer tanto single track novo. A certa altura cheguei a pensar que talvez tivessem feito um esforço extra e tapado todos os estradões da Serra, porque vi muito poucos! Os meus familiares trilhos antigos apareciam do nada, ligados por caminhos novos.
Também do nada apareceu o segundo abastecimento, aos 11km. Relembro, estamos numa prova de 30km e aos 11 já vamos com dois abastecimentos. Mais uma vez não parei, agradeci o apoio ao Hélder e equipa, vi de relance os tabuleiros cheios de queijo, fruta, enchidos, marmelada, e sabe-se lá mais o quê, e trotei trilho acima.
O parte-pernas é constante. A nossa Serra não dá para mais, a amplitude é muito pequena, por isso não há super subidas. Há que compensar com muito carrossel. Os quadricepes não se queixam do pouco trabalho, pelo contrário, há algum tempo que estão a ganir! Arrasto-me trilho acima e abaixo enquanto o suor escorre em bica e arranho as pernas no tojo. Começo a sonhar com um isotonico fresquinho, que não levava, quando aos 17km aparece o terceiro abastecimento no Vigia, o ponto mais alto da Serra. Lá estava o Clemente vestido de frade, 3 mesas cheias de comida e copos de isotonico à disposição. Emborquei três antes de me fazer aos 6 ou 7km mais fáceis da prova, os únicos onde deu para rolar e abrir a passada, até chegarmos a novo abastecimento (sim, 4, em 30km!). Mais uma vez declino a muita comida disponível e troco umas rápidas palavras com o Paulo enquanto sorvo mais uns copos de isotónico. Faltam 8km, dizia ele, a parte das Camelas.
O ultimo brinde preparado pela A20KM era num terreno completamente desconhecido para mim. Não participei nas reuniões onde se decidiu levar o pessoal para ali. Provavelmente teria ficado com uma ponta de pena ao perceber o martírio que todos passariam já tão perto do fim! Mais carrossel, mais sobe e desce, mais singles. Às tantas já não se sabe se vamos a subir ou descer, só sabemos que doi! Quando finalmente saímos do labirinto das Camelas vejo o David a 200 metros da meta, que me recebe com um abraço.
Agora era só correr até ao pavilhão, entrar lá para dentro, receber a medalha gravada à mão pelo Vitor das mãos da Oriana, irmã do Omar. Desta vez só tive que tomar vantagem do muito completo abastecimento final já na meta, não tive que me preocupar com reposições. Alguém se estaria a preocupar, já que não faltava nada.
Chegada da grande Sara Brito, vencedora feminina. |
Segui para casa com a Sara, que correu na caminhada, para tomar banho antes do almoço incluído na inscrição. Quando lá chegámos só tive que me dirigir ao refeitório e, sem nenhuma fila, recolher a minha taça de Sopa da Pedra, uma bifana e um pampilho, e sentar-me num dos muitos lugares disponíveis. As bebidas eram à descrição, escolhemos entre a diversa oferta e almoçámos calmamente à conversa. Dentro da cozinha via o Alexandre na azáfama do costume a orientar tudo e todos. Estava a correr bem, cá fora as coisas estavam perfeitamente fluídas.
Preparação para o almoço |
Para mim o Trail de Almeirim acabou ali. Para eles, a dúzia que trabalhou durante meses, ainda ia a meio. Havia ainda muito para fazer. Nos últimos dois anos eu era um deles, desta vez a minha missão estava muito simplificada: só tive que correr 30km!
Não tenho qualquer justificação para acabar o post com esta fotografia minha e do Rodrigo, mas vou fazer isso na mesma. Obrigado pela compreensão. |
NOTA - todas as fotografias são da minha amiga Fátima Condeço.
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